2 de set. de 2007

Balança-dicernimento





Balança... Pensamentos e balança.
Sim, talvez esta seja mais uma daquelas
metáforas sem sentido que você vê por
aí como: "a vida é como uma grande
fatia de bolo"... Pode não ser para uns,
pode não ser para outros, não importa.
O que realmente importa é pensar nas
diversas representações que ela pode ter
pra você.
Uma das representações que me matutou
a cabeça agora pouco foi: pensamentos,
como diferenciamos o que fazer e o que não
fazer? É como se cada um tivesse uma balança
em si mesmo, e não que realmente haja uma
medida padrão, mas bem que a sociedade
tenta, alguns pesos e medidas para você não
ser considerado fora do corriqueiro.
Ah sim, isso te traria problemas...
Talvez esta balança se chame dicernimento.
Não que eu fique feliz em dizer a uma criança
por exemplo: _vamos filho, desenvolva o
dicernimento em você!
Até parece uma grande lombriga que crescerá
dentro do pobre serzinho em formação.
Talvez, grotescamente falando, tratar-se-ia de
uma lombriga dos desejos, dos impulsos, das
vontades espontâneas. Dicernimento... A linha
tênue que nos separa do louco? Segundo, claro,
a definição "comum" de louco.
Bom, tudo isso pra dizer o que mesmo?
Sim, uma balança, fabricada por Dicernimento S/A
Ltda.
Se eu fizesse tudo o que penso, tudo o que sinto
vontade, provavelmente me sentiria por várias
vezes ao dia arrependida de muitos micos, ou de
censura minha mesma contra mim.
Eu não me deixo esquecer as coisas, muitas coisas
que me levaram ao caminho que estou. Me lembro
de muitas estradas, de muitos riachos, de flores, de
noites estreladas sozinha, de andar de mãos dadas
por um caminho até uma montanha, de uma bengala
para auxiliar a subir sozinha. De subir dançando de
tão feliz, de colocar os pés no painel do carro e cantar
alto sem ligar para o que qualquer um iria dizer.
Às vezes me sinto envelhecida, me sinto culpada por
sair sem avisar, e depois vejo que a culpa que senti
não é minha na verdade, é um sentimento transferido.
Tenho consciência, mas diversas circunstâncias, além
da balança-dicernimento me levam a não tomar muitas
atitudes. Estar sozinha é um desafio, caminhar só, é
procurar auto-sustentação. Quanto tempo consegue
ficar com você mesmo no silêncio? Quanto tempo para
não procurar pensar em outra coisa, tentar ligar para
outra pessoa, falar com alguém, ligar o computador?
Carência é algo normal, é algo comum a todo ser humano,
e admitir que tem não é sinal de fraqueza, na minha opnião,
é simplesmente constatação. Desespero, tristeza, saudade,
muitas coisas, mas aprendi nos últimos tempos, que os
tempos difíceis são de puro aprendizado.
Ultimamente tenho mentalizado como se estivesse num
templo, e descobri que o mais difícil nele, não é aprender
a sabedoria dos que estão lá. É aprender a não enxergar
os muros como desespero, ou esconderijo, ou aflição.
São simplesmente barreiras de som para melhor
concentração, e no momento em que desejar, posso abrir os
portões e sair.
***