Por que há pessoas que só diante do hálito da morte conseguem olhar nos olhos da vida?
Ele corre, o chão está molhado, choveu ontem à noite. Ele corre e seu tênis, já gasto pelo tempo, faz um barulho de tapas numa superfície lisa e plana com a palma da mão bem aberta. As pupilas estão dilatadas, ele ouviu um barulho e faz giros em sua memória para saber se não foi apenas sua imaginação. Volta sozinho de um canto escuro da cidade, por obrigação, não por vadiagem. Ele saiu de trem lotado e cansado, velho e já desacreditado nos seres humanos. As ruas são escuras, fazem caretas e sussurram perigo... Ouviu um grito desesperado, não sabe ao certo se foi de alguém com problemas de saúde mental, se foi um ladrão anunciando sua caçada ou ele mesmo com sua imaginação perturbada.
Ele corre, o chão está molhado, choveu ontem à noite. Ele corre e seu tênis, já gasto pelo tempo, faz um barulho de tapas numa superfície lisa e plana com a palma da mão bem aberta. As pupilas estão dilatadas, ele ouviu um barulho e faz giros em sua memória para saber se não foi apenas sua imaginação. Volta sozinho de um canto escuro da cidade, por obrigação, não por vadiagem. Ele saiu de trem lotado e cansado, velho e já desacreditado nos seres humanos. As ruas são escuras, fazem caretas e sussurram perigo... Ouviu um grito desesperado, não sabe ao certo se foi de alguém com problemas de saúde mental, se foi um ladrão anunciando sua caçada ou ele mesmo com sua imaginação perturbada.
Corre.

Quanto mais ganhava caminho mais a rua se alongava, parecia uma esteira de corrida, ouvia as paredes rirem dele.
No fundo de sua cabeça pequenas explosões de luz começavam a ficar freqüentes. As memórias tentavam vir à tona.
No que pensar primeiro? O que considerar se estes fossem seus últimos passos?
Não havia como selecionar, não havia como... Uma paisagem, o piquenique do último final de semana com a família. “Dei uma passada rápida...” Passou e foi embora para terminar as compras de natal para pessoas que o desprezam, mas que por algum motivo estranho ele gostaria de ganhar sua admiração. Gostaria de ganhar só para poder desprezar de volta depois. Uma pontada no centro do peito.
Lembra-se mais claramente do rosto de todos com os quais convive, lembra-se muito melhor do que jamais pensara que lembraria. Recorda dos sorrisos acompanhados dos sons dos risos, dos cheiros, dos sapatos velhos do seu pai atrás da porta do banheiro, do som do latido do seu cachorro falecido.
Alice caia, ele corria.
Passa por uma poça e escorrega. Numa fração de segundos mais de dez tipos de acidentes possíveis pós aquele deslize surgem em sua mente. Sente um aperto no centro do peito.
Continua correndo, começa a lhe faltar o ar, suas pernas passam a ter o dobro do peso que têm normalmente.
Uma lágrima voa do gelado conglomerado de líquidos que se acumulou no canto do seu olho.
Era tão jovem...
Pára, apóia o peso do corpo sobre os joelhos. Quer fazer tudo diferente, quer ver tudo diferente, quer mais tempo e vê a porta de sua casa a cinco passos.
Enche o peito de coragem e espera poder ao menos dizer à sua assombração real que tem mais medo do que deixou de fazer do que qualquer coisa que aconteceria com ele encarasse o perigo. Queria dizer sobre quantas pessoas deixou de abraçar,conversar, ouvir, quantas comemorações perdeu por causa do trabalho, da timidez, da estupidez. Queria dizer que amava também, mesmo que só às vezes.
Alice caiu, ele correu.
Não havia ninguém ali fora, não havia ninguém lá dentro.Pegou a chave, abriu sua mente, entrou, olhou mais uma vez para fora e trancou-se em segurança novamente.
No fundo de sua cabeça pequenas explosões de luz começavam a ficar freqüentes. As memórias tentavam vir à tona.
No que pensar primeiro? O que considerar se estes fossem seus últimos passos?
Não havia como selecionar, não havia como... Uma paisagem, o piquenique do último final de semana com a família. “Dei uma passada rápida...” Passou e foi embora para terminar as compras de natal para pessoas que o desprezam, mas que por algum motivo estranho ele gostaria de ganhar sua admiração. Gostaria de ganhar só para poder desprezar de volta depois. Uma pontada no centro do peito.
Lembra-se mais claramente do rosto de todos com os quais convive, lembra-se muito melhor do que jamais pensara que lembraria. Recorda dos sorrisos acompanhados dos sons dos risos, dos cheiros, dos sapatos velhos do seu pai atrás da porta do banheiro, do som do latido do seu cachorro falecido.
Alice caia, ele corria.
Passa por uma poça e escorrega. Numa fração de segundos mais de dez tipos de acidentes possíveis pós aquele deslize surgem em sua mente. Sente um aperto no centro do peito.
Continua correndo, começa a lhe faltar o ar, suas pernas passam a ter o dobro do peso que têm normalmente.
Uma lágrima voa do gelado conglomerado de líquidos que se acumulou no canto do seu olho.
Era tão jovem...
Pára, apóia o peso do corpo sobre os joelhos. Quer fazer tudo diferente, quer ver tudo diferente, quer mais tempo e vê a porta de sua casa a cinco passos.
Enche o peito de coragem e espera poder ao menos dizer à sua assombração real que tem mais medo do que deixou de fazer do que qualquer coisa que aconteceria com ele encarasse o perigo. Queria dizer sobre quantas pessoas deixou de abraçar,conversar, ouvir, quantas comemorações perdeu por causa do trabalho, da timidez, da estupidez. Queria dizer que amava também, mesmo que só às vezes.
Alice caiu, ele correu.
Não havia ninguém ali fora, não havia ninguém lá dentro.Pegou a chave, abriu sua mente, entrou, olhou mais uma vez para fora e trancou-se em segurança novamente.
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