Eu vim aqui, vim até aqui para desabafar.
E talvez não me importe com você lendo
linhas tão pessoais, talvez estivesse
realmente esperando que viesse até aqui
para me ler um pouco.
Já passei por algumas coisas, acho que agora,
apesar de só ter 21 outonos, já tenho 21
outonos e me recordo de muitas coisas sobre
mim. Peculiaridades, certezas que se desfizeram,
observações bobas, bondade à todos, me
lembro do cheiro de algumas coisas, coisas que
ficaram para trás a mais de 10 anos.
Talvez seja o saudosismo que mantenha minha
memória viva para algumas coisas, talvez seja
apenas mais uma fase, a de lembrar de outras
fases e achar que hoje tem maturidade para
falar sobre ela. Maturidade, pensando bem, não
seria o ponto. A cada dia você se torna mais e mais
experiente, e não necessariamente caindo na dualidade
de coisas boas ou ruins, apenas passando por
experiências. São elas hoje que me proporcionam
falar sobre mim mesma.
Mas compreenda, não me envergonho de ser
como era, ou como sou. É interessante pensar hoje
que fico feliz por ter sido eu mesma em situações
tão absurdas, tão constrangedoras, ou tão banais.
Fui eu mesma quando tive medo da montanha russa,
fui eu mesma quando pedia todos os dias baixinho
na cama para que ninguém no mundo, ao menos
naquela noite passasse frio ou fome. Parece até discurso
de Miss, e de Miss não tenho nada. Minhas preocupações
são verdadeiras, sem seguir esteriótipos, ao menos
até onde tenho consciência. Até hoje, às vezes
quando vejo alguém com uma feição triste na rua, ou
senhores e senhoras vovós e vovôs trabalhando com
carrinhos de madeira, carregando nas costas todo
aquele peso penso muito nisso... Eu não quero saber
o que o levou até ali, se há culpados ou não há, não me
interessa, mas eu peço para quem acredito, que lhes dê
naquele dia ao menos algo de muito bom que lhes desponte
um sorriso sincero e lhes aqueça o coração antes que fechem
os olhos para dormir.
Não procuro humanidade nas coisas, pois não quero
procurar humanidade nos animais, porque não preciso
de humanidade para desejar boas coisas ou torcer pelo
bem das pessoas. E o bem que falo é exatamente aquele
que é bom para cada um e não dentro do meu conceito de
bem.
Por isso não seria estranho para mim dizer "que teus desejos
se realizem", por isso não secostuma falar "que meus desejos se
realizem em você". Mesmo que você acredite ser o melhor
para aquela pessoa.
Cada um é um universo em si, cada um têm desejos diferentes,
sorrisos diferentes para cada situação, olhares diferentes para
a mesma paisagem cotidiana.
Isso me fascina.
Às vezes sinto a vida como um sorvete de amoras, onde cada
peculiaridade de cada pessoa seria o azedinho de cada amora
diferente. Única em si.
Estou com fome, talvez tenha escrito demais, talvez nunca
ninguém leia, mas se você leu desejo que tenha trazido algo
de bom para você, ao menos uma reflexão de: puxa, como
ela é estranha.
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Ótimos dias, chocolates e longos guarda-chuvas.
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