24 de out. de 2007

Pequenos Detalhes

















O que é sentir sozinho-se mesmo rodeado
de pessoas? Estranhamente parece que é
um sentimento conhecido por todos.
Como é que tanta gente junta, em uma
cidade como São Paulo se sente só?
Na verdade são tantas vertentes possíveis
para esta resposta... Nenhuma verdadeira
o bastante, nenhuma completamente falsa.

Tenho ocupado meus dias com coisas não-
preferidas. Me deliciado em pequeninos
prazeres Amelielanos como um doce, um
canto de pássaro ou uma boa música.
Tento, tento ao máximo não perder os
sentidos.

Hoje choveu muito por aqui, e por aí?
Estava no ponto de ônibus, já muito irritada com os
moços que pararam suas carroças me-
cânicas em cima da linha amarela onde
pára o ônibus, quando desceu uma mulher,
uma senhora já com alguma dificuldade.
Ela chegou até o toldo onde eu estava e
jogou as sacolas no chão, aliviada, deixando
o peso dos ombros descer pelos seus braços.
Estava molhada, cabelos desarrumados e
guarda-chuva muito molhado. Ela o segurava
com uma das mãos e com a outra começou a
tentar pegar novamente suas sacolas. Ela
tentava e tentava, pendendo para um lado,
o do guarda-chuva, se repuxando para outro.
finalmente, de tanto serem esticados seus
dedos alcançaram uma das alças de uma das
sacolas e foi quando vi que na verdade era
uma sacola com um alimento dentro, uma
couve-manteiga para ser mais específica.
Tudo ficou um tanto mudo nesta hora...
Em pensar o quanto aquela mulher não estava
fazendo para levar com todo o custo um
alimento para sua casa! E então ela chegaria
em casa insopada de chuva, faria a couve e
provavelmente não seria reconhecida por seu
esforço. Além de ser um esforço quase anônimo,
passei a pensar... Será que eu, no lugar das
pessoas da casa dela repararia nisso?

... Pequenos detalhes, pequenos detalhes...
Como a garoa de hoje de tarde.