18 de jun. de 2013

Pés saudosistas

Eu tenho saudade de quando meus pés eram mais livres. Eles iam pra muitos lugares sim, caminhavam por horas a fio às vezes, mas estavam "ganhando chão", colorindo novos caminhos todos os dias.

Tenho saudades de quando meus pés podiam sentir a grama e parar comigo, pelo menos uma vez ao dia, embaixo de uma árvore frondosa. Eu deitava, eles ficaram em pé finalmente. Às vezes, antes das aulas, se eles fossem ligeiros como Hermes, eu podia alimentar os olhos e alma com alguma leitura interessante ou mesmo com o pôr-do-sol.

Não era fácil necessariamente. Os pés passavam por três "empregos" diferentes, corriam para o bandeijão pra jantar, já que não havia nenhum tipo de espaço para almoço. Era cansativo e o futuro, em certos aspectos, era tão nítido quanto uma fina corda bamba na minha frente. Mas, o Futuro era muito mais velho que eu. Ele caminhava distante. Nos ombros do presente só podia vislumbrar a sua silhueta. O presente que vos falo tornou-se passado, como uma parede de ladrilhos, fragmentos do Eu, momentos.


Eu tenho saudades.


Saudades das boas memórias que construí, das maravilhas que já vivi, de pessoas que conheci. Eu tenho sim, não me importo se acham velho ou empoeirado pensar assim. Por que não poderia ter saudade de mim?