24 de jul. de 2014

Uma visita

Olho para a entrada, piso no capacho.

Tenho certeza que faz (pelo menos) uma vida que não venho até aqui.
Neste momento paralelo da realidade, gostaria de lhe contar que envelheci.

Encontrei um bom moço, com bom humor, com bom caráter, com bom coração. Bom demais da conta. Queria lhe contar que é bom demais dividir o mesmo teto com ele. Encontro em seu peito o silêncio do mar, meu porto seguro, minha água calma. Também encontro em seu peito uma coragem inspiradora, uma alegria radiante, sentimentos jovens.

Temos agora nosso lar. Levei na mala algumas manias, muitos livros, ansiedades, sonhos bem embrulhados, action figures e algumas roupas.

Temos nossas plantas. Pequenas vidas que, como nós, tem frágeis e iniciantes raízes crescendo num vaso com terra nova. Descobri que precisamos de cuidados todos os dias. Com água, com amor, com compreensão e luz. Vamos bem.

Tinha certeza que fazia (pelo menos) uma vida que não vinha até aqui.
Foi bom sentar nesta poltrona de veludo verde, recheada de lembranças outonais de outrora.

Eu volto, talvez nesta ou em alguma vida paralela, pra tomar chá.