Não me lembro bem em que ponto da minha comecei a achar que meus Pais eram extra-terrestres. Todas as noites, pouco antes do jantar, já convicta das minhas opiniões, ficava espiando os dois pela fresta da porta da sala para conseguir ver o momento em que se transformariam. Mas, eles sempre eram muito mais rápidos que eu, pensava. O fato de achar que seus Pais são ETs, para mim era completamente aceitável e tranquilo. Sabia que, seja lá o que fossem, desejavam o meu bem, me protegiam e me ensinavam coisas. Eu via filmes hollywoodianos sobre ETs ameaçando os EUA, o presidente dos EUA ou o mundo todo, mas sempre começando pelos EUA, mas, isso não me dizia grandes coisas. Sempre achei que a dualidade era muito rapidamente ingerida pelas pessoas sem nenhum questionamento, o bom e o mau, o céu e o inferno. Se existisse uma grande régua para mensurarmos os extremos das nossas atitudes e pensamentos mesmo, acho que o mundo estaria entre os extremos e não sempre no pior que se pode ser ou no melhor.
Acredito em potencial, como se cada um recebesse quantas folhas de papel em branco e lápis que quisesse, o que fazer com eles é outra coisa. Acho que desenhei que meus Pais eram ETs.
O fato é que, meus Pais nunca se transformaram na minha frente.
Espertos.
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Espertos.
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