24 de fev. de 2010

Mundos ocultos

O livro estava em suas mãos, os óculos bem posicionados.
Os olhos acompanhavam as linhas imaginárias construídas pelo formato das letras.

As mãos suavam, o coração batia forte como se o seu espaço no peito ficasse cada vez menor.

Ela sentia um misto de medo e prazer ao se debruçar na história de suspense que lia.

A cada parágrafo tudo ia ficando mais claro, mais nítido ao seu redor... Seu armário mudando de cor, o ambiente escurecia e se perdia na trama, nas cores das palavras que até som faziam...



A necessidade de saber mais de entender o que a personagem via e sentia tornou-se uma necessidade sua, largar o livro simplesmente fechar os olhos já não era mais uma opção.

As mãos pesavam sobre seus joelhos, que unidos sustentavam toda aquela trama e realidade momentânea.

A situação não era desconhecida, já devorava página de livros e já fora devorada por fortes histórias carnívoras. Já lera sentindo dor ao ver que os capítulos rapidamente iam acabando... Já pediu baixinho, com toda sua vontade, para que as folhas se reproduzissem de modo que aquele mundo não findasse.



A identificação é um mergulho.

A leitura ultrapassa, extrapola, sublima.

É como uma mão muito forte que te afoga nas linhas e entrelinhas.



Ela aprendeu, no primeiro mergulho “livresco”, ainda na infância, que os livros não são meros “eternizadores” de histórias, mas sim mundos ocultos com muita vida própria.

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